A Transição para a mobilidade sustentável

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Os motores movidos à combustão interna tradicionais, além de possuírem inúmeros componentes, fator responsável pelos altos custos de manutenção, são importantes emissores de poluentes locais e gases de efeito estufa (GEE), especialmente quando movidos por combustíveis fósseis como gasolina ou diesel. Sozinho, o transporte é responsável por 23% das emissões globais de CO₂, ou pouco menos de 7,4 bilhões de toneladas de CO₂ em 2013 (IEA, 2015). Sendo assim, importantes externalidades negativas têm sido geradas devido ao aumento substancial das emissões decorrentes deste setor.
 

De um lado, os poluentes locais, como o material particulado fino (MP2,5) afetam diretamente a qualidade do ar, sobretudo nos grandes centros urbanos, colocando-se como uma questão de saúde pública relevante; de outro, os GEE, como o dióxido de carbono (CO2), têm acelerado o processo de aquecimento global e gerado problemas de natureza climáticas, que traduzem sob diferentes formas, como o derretimento das calotas polares, elevação do nível do mar, aumento da escassez hídrica e problemas ligados à segurança alimentar e ao equilíbrio do ecossistema.
 

Um estudo, realizado por pesquisadores do ICCT, da Escola de Saúde Pública do Instituto Milken, da Universidade George Washington e da Universidade de Colorado Boulder, associa as emissões de material particulado fino (PM 2,5) e de ozônio gerados pela combustão dos automóveis, à aproximadamente 361.000 mortes prematuras em 2010 e 385.000 em 2015, em todo o mundo. Um outro estudo, realizado pelo Professor Saldiva (2010), da USP, aponta que, apenas na cidade de São Paulo, estima-se que cerca de 4.000 mil pessoas morram anualmente devido à má qualidade do ar gerada pelos automóveis.
 

Assim, a temáticas das emissões tem ganhado destaque dentro das agendas institucionais, em diferentes níveis de governo, de todo o mundo. É com essa perspectiva que os tomadores de decisão e stakeholders de todo o mundo tem buscado alternativas de transição para um novo modelo de transportes, por meio do investimento e desenvolvimento de rotas tecnológicas menos intensivas em carbono, como, por exemplo, os veículos elétricos, híbridos, plug ins e veículos movidos à célula de hidrogênio.
 

O veículo puramente elétrico (em inglês: Battery electric vehicle, VEB ou electric vehicle, EV) usa um ou mais motores elétricos para propulsão. A energia elétrica que alimenta o motor é armazenada em uma bateria, a qual pode ser carregada por tomadas de parede, painéis solares, ou pela conversão de combustível em eletricidade por meio de células a combustível.
 

O Veículo Híbrido Plug-in (em inglês: Plug-in hybrid electric vehicles, PHEVs) combina a tecnologia do motor a combustão interna e do motor elétrico. A bateria pode ser alimentada tanto por combustíveis, renováveis ou fósseis, quanto por um motor-gerador situado a bordo do veículo cuja energia é proveniente de tomadas e/ou frenagem regenerativa.

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O veículo híbrido (em inglês: Hybrid Electric Vehicle, HEV) combina um motor de combustão interna, movido por combustíveis fósseis ou renováveis, e um motor elétrico. O abastecimento é realizado tanto por eletropostos quanto por uma rede convencional de postos de combustíveis.
 

O veículo movido à célula de hidrogênio utiliza hidrogênio molecular para produzir energia. O hidrogênio é armazenado no tanque de combustível, onde reage com o oxigênio, produzindo energia elétrica, calor e água.
 

As vendas destes veículos com as novas tecnologias embarcadas, eficientes em termos de redução de emissões, com destaque para os modais abastecidos por fontes energéticas renováveis, têm disparado ao redor do planeta.
 

No Brasil, entre os meses de janeiro e novembro de 2021, foram comercializados 30 mil veículos elétricos, segundo dados consolidados pela Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) com base em informações do Renavam do Ministérios de Infraestrutura. Os veículos eletrificados representam 1,7% do Market share total do período, estabelecendo um novo recorde de vendas neste segmento.
 

Em 2020, as vendas globais acumuladas de veículos elétricos de passageiros ultrapassaram 10 milhões, e a participação dos elétricos nas vendas de veículos novos de passageiros atingiu um recorde de 4,6%.
 

Esses números já são reflexos de um pacote de políticas e medidas robustas para aumentar o número de modelos de veículos elétricos, reduzir o custo médio das baterias, expandir a infraestrutura de recarga e, principalmente, das metas assumidas pelas regiões geográficas (países, regiões, cidades) e empresas de eliminar gradualmente as novas vendas de automóveis movidos à combustão interna (ICCT, 2021).
 

Essas metas ambiciosas fornecem um sinal claro para as montadoras, fornecedores de infraestrutura de carregamento e gerentes de frota de veículos para fazer a transição para veículos elétricos rumo à mobilidade sustentável. Muito embora todas essas rotas tecnológicas apresentadas estejam em consonância com a descarbonização do setor de transportes, são as especificidades locais e regionais que devem determinar o futuro da mobilidade urbana e que se constitui em um dos maiores desafios deste século.

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