A era do Antropoceno e as Mudanças Climáticas

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Não é de hoje que as intensas alterações na temperatura média têm sido atreladas, com uma margem grande de certeza, a ação humana. Segundo dados da International Energy Agency (IEA, 2016), cerca de 70% das emissões totais de Gases de Efeito Estufa (GEE) são provenientes dos centros urbanos, das quais 25% são decorrentes da queima de combustíveis fósseis. De outro modo, as emissões de GEE são de origem antrópica, ou seja, são resultado dos modos de consumo e produção, pautados na intensa exploração de combustíveis fósseis, firmados a partir do final da Segunda Guerra Mundial, durante a década de 1950.
 

O IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, é uma organização científico-política referência no tema das mudanças climáticas. O AR6 é o mais recente documento científico escrito por pesquisadores de todo o mundo sobre as mudanças climáticas globais e o aquecimento global.
 

A composição dos Gases de Efeito Estufa (GEE) envolve os seguintes gases:  Dióxido de Carbono(CO²), Metano (CH4), Óxido Nitroso (N2O), Hexafluoreto de Enxofre (SF6) e duas famílias de gases, Hidrofluorcarbono (HFC)  e Perfluorcarbono (PFC). Devido à quantidade com que é emitido, o CO2 é o gás que tem maior contribuição para o aquecimento global. O tempo de permanência deste gás na atmosfera é, no mínimo, de cem anos. Isto significa que as emissões de hoje têm efeitos de longa duração, podendo resultar em impactos no regime climático ao longo de vários séculos (ABNT, 2017).
 

O gráfico abaixo mostra a evolução das emissões antropogênicas globais de CO2, e compara-a com o nível das emissões por diferentes origens.
 

Gráfico 1: Evolução das emissões antropogênicas globais de CO2.

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Fonte: IPCC 2014, p. 3
 

Efeito semelhante e simultâneo ao aumento das emissões ocorre com a temperatura global, que começa a apresentar um crescimento muito relevante a partir de 1850, período que data a Primeira Revolução Industrial. Espera-se que nas próximas décadas haja um aumento de 0,2ºC, podendo chegar a 3 ºC, até 2100 (IPCC, 2014).
 

Como consequência deste aquecimento global, projeta-se uma série de consequências negativas, tais como o aumento da escassez hídrica, o derretimento das calotas polares e a elevação do nível do mar. Além disso, um aumento na temperatura média global acarreta problemas ligados à segurança alimentar e ao equilíbrio do ecossistema. Por sua vez, a segurança energética também vem sendo comprometida, uma vez que o aumento da temperatura média é consequência direta da utilização intensa de energia proveniente de combustíveis fósseis (carvão e petróleo).
 

Essa discussão é extremamente importante para o século XXI. O desafio atual consiste em alterar o paradigma vigente desde o início do século passado, fortemente sustentado pelo uso intensivo de combustíveis fósseis, crescimento das emissões industriais, exaustão de recursos naturais, incapacidade de resolver problemas ligados à inclusão social e à pobreza, para um desenvolvimento que seja considerado sustentável. 
 

Frente ao crescimento populacional desordenado, ancorado em modos de consumo e produção pouco sustentáveis, é esperado que os problemas climáticos ganhem ainda mais escala.  Segundo projeções do Departamento de Relações Econômicas e Sociais da Organização das Nações Unidas (ONU, 2016), estima-se que, até 2030, quase 60% da população mundial viverá em áreas urbanas, ao passo que em 1950, 30% da população encontrava-se nas áreas urbanas. Segundo o relatório Groundswell - Preparing for Internal Climate Migration (2018), do Banco Mundial, as mudanças climáticas resultarão em um movimento massivo de pessoas dentro dos países, levando a criação de “hotspots” que contarão com dezenas de milhões de pessoas.
 

A partir do preambulo desenvolvido, fica clara a mensagem de que todo o planeta será, e vem sendo, afetado pelo aquecimento global. Logo, são necessárias medidas urgentes, tanto de adaptação quanto de mitigação, para reduzir o descontrole climático causa pelas ações antropogênicas.

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